segunda-feira, 26 de maio de 2008

Josú...

Ontem estreei no teatro.

Acalmem-se: não me subiu à cabeça a pretenção de ser ator.
De diretor ou autor talves?
Não... não, de expectador.

E comecei com uma grande peça " Josú, o encantador de ratos". Não sou crítico de teatro, mas filósofo, a reflexão me interessa mais do que o lirismo e a dramaticidade da performace. Essa seria uma boa ocasião para pedir perdão a Carla Jausz (atriz que interpreta Josú), entretanto, acredito que sem sua interpretação intensamente expressiva, o texto de Hilda Hilst seria incompleto. É um bom casamento entre texto e atriz, celebrado pelo diretor Alexandre David.
A peça retrata os dilemas existenciais de um pobre artista de rua (Juzú), que para sobreviver, numa época, marcada pela ascensão de regimes totalitários, pelo militarismo e o surgimento dos ascenais nucleares, exibe seu rato malabarista em troca de algumas moedas. Posso arriscar o palpite de Josú ser um típico homem do povo russo, vivendo os horrores da segunda guerra mundial. Filho Bastardo de um general, pobre e analfabeto, maldito, artista: faz da arte não só o seu meio de sobrevivência, como também de educação, e a utiliza como forma de interpretar o mundo que o envolve. Nesse aspecto Josú é filósofo, é observador e crítico da realidade pela arte. Subjetividade, arte e vida se mesclam nessa obra onde o coração do pobre e do marginalizado se tornam armas contra o poder tirano de governos e seus exércitos.
Teatro Miguel Falabela.
Sextas e sábados às 21:30.
Domingos às 20:30.

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